A palavra ícone (do grego eikón) significa imagem, retrato, símbolo, representação, visão, metáfora. Essa nomenclatura será importante no desenvolvimento dessas páginas porque na definição e na origem desses termos encontra-se a fundamentação teológica, estética e histórica da imagem cristã. O tema da imagem na teologia e na vida da Igreja é um tema apaixonante, não obstante seja marcado por conflitos e disputas teológicas desde os primórdios. Até hoje, esse tema aparece em várias ocasiões e em vários lugares e parece estar longe de uma definição conclusiva e pacífica pelas diversas denominações cristãs. Em uma sociedade como a nossa em que a representação visual se impõe em todos os âmbitos da vida, o homem pós-moderno se encontra saturado de imagens cada vez mais violentas e abusivas, o seu olhar está contaminado e abstruso, a sua alma perdida e insegura e não encontra mais um porto seguro e estável. Essa constatação vale para a arte profana e, mais ainda, para a arte religiosa. O homem sente a necessidade de reencontrar a esperança na vida e no futuro. Essa insatisfação da vida e esse desejo de salvação se manifestam na imagética moderna, cada vez mais rápida, descartável e sem conteúdo. Por isso, a arte sagrada dos ícones toma cada vez mais o seu lugar de destaque no Ocidente civilizado e pós-moderno. A imagem religiosa, sobretudo no Ocidente, limitou-se, a partir da Renascença europeia, à descrição dos fatos da Divina Revelação e pôs em segundo plano o mistério que subtende à manifestação de Deus no mundo. É desse mistério que o homem moderno precisa e é esse mistério que o ícone sagrado reflete e expressa. O ícone é o reflexo do mistério de Deus, presença da encarnação do Verbo eterno e expressão da fé da Igreja. Belíssimo e denso de significado o pensamento de Padre Egon Sendler, jesuíta e especialista em arte bizantina: “A arte deve renunciar, então, a si mesma, deve passar através da própria morte, submergir-se nas águas do batismo para sair das fontes batismais, ao alvorecer do quarto século, em uma forma nunca vista antes: o ícone.”. pe. Saverio Licari
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